22 de novembro de 2009

Distrito 9 (2009)

Mais um filme de alienígenas. Mais do mesmo, porém com um mix de temperos que deixam a receita, de certa maneira, interessante – apesar da decepção inevitável que a mudança drástica de rumo causa ao espectador. Distrito 9 é a história de uma nave espacial gigante que encalhou no nosso planeta e não conseguiu mais partir e ir embora. Após três meses de espera, as autoridades humanas resolvem entrar na nave e ver o que que tá pegando. Dentro da nave encontram cerca de um milhão de alienígenas moribundos devido à desnutrição e ao confinamento. Fantástico começo, instigante e envolvente.

Porém, o desenvolvimento do filme não acompanha o mote inicial e acaba enveredando por um caminho de muita ação, pouco conteúdo, irreverência gratuita e diversos clichês. O que poderia se tornar uma grande história infelizmente perde a força e o rumo e termina como um filme pouco acima do medíocre. É um filme de estilo político: Promete mas não cumpre.

O que vale a pena

Pelo menos o começo do filme é sensacional e merece ser visto. A atmosfera criada em torno do acontecimento – Alienígenas que parecem terem vindo pra ficar – nos faz pensar “Uau! Tem coisa boa vindo por aí”. Não por acaso a nave calha de encalhar =) justamente sobre a cidade de Joanesburgo, capital a maior cidade da África do Sul. E após terem sido retirados da nave, a [digite aqui o coletivo de alienígena] extraterrena é alojada em um acampamento no meio da cidade, que é imediatamente cercada por arame farpado e homens armados.

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Está feito o paralelo. Os alienígenas são irremediavelmente vítimas de racismo e preconceito. É instaurado um novo Apartheid no país de Mandela, dessa vez uma segregação interplanetária. O formato de documentário da primeira parte do filme confere ainda mais impacto aos depoimentos dos sul-africanos, que se voltam contra os alienígenas; “Se ao menos eles fossem desse planeta, os trataríamos como iguais” diz um entrevistado.

O que derruba o filme

Infelizmente, após essa introdução que é dinamite pura, a esperada explosão não acontece. Algo dá muito errado no roteiro e na direção que transforma o filme em uma produção pasteurizada. Não é que esse novo rumo seja de todo ruim, mas a sensação de que algo se perdeu na história deixa um certo vazio para o espectador. Há uma queda muito grande de qualidade após a primeira parte, que não dá para nã ser notada e lamentada.

O Sr. tem 24 horas para abandonar o local. Pelo menos nessa segunda parte há uma certa similaridade com filmes como A Mosca, Alien, Robocop e Tropas Estelares, tanto na linguagem irreverente como na violência banalizada. Foram boas referências, pelo menos. Ponto para o filme. Porém, foram extremamente decepcionantes as soluções encontradas pelo roteiro para dar tensão e tentativa de humor ao filme, como a atitude idiota apresentar intimações aos alienígenas com ações de despejo (francamente…) e a circulação da notícia que o traidor humano que se juntou aos aliens teria sido flagrado tendo relações sexuais com um E.T. (aquela imagem deles atracados é ridícula).

No frigir dos ovos, Distrito nove é um filme razoável, cujo principal demérito é desperdiçar de forma tão leviana um argumento excelente e um começo impecável, porém, se formos capazes de relevar esse disparate, ele se torna um filme divertido de assistir, com bastante ação.

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