20 de outubro de 2009

9 - A Salvação (2009)

9 - Salvação Em quantas partes se divide a alma humana? De que maneiras nosso humor e nossa índole pode variar em um dia, um ano, uma vida? Somos corajosos, curiosos, amorosos, covardes, egoístas, bons e maus. Tudo ao mesmo tempo, nas mais diversas proporções. Da mesma forma que uma Televisão forma infinitas tonalidades a partir de três cores fundamentais, nós formamos nossos sentimentos mais complexos a partir dos mais simples.

O que isso tem a ver com o filme? Tudo. Ou nada. A animação que leva a assinatura de Tim Burton não está sob sua direção ou roteiro, mas tem a sua cara. Um mundo estranho, devastado por uma guerra global, dos homens contra as máquinas (nada original, mas cada vez mais em voga) da qual ninguém sobrevive além de uns pequenos bonecos de pano que, sem explicação, possuem vida.

O filme deixa entendido que não se trata de uma prosopopéia. Os bonecos de pano não são estão ali ocupando o lugar dos humanos, como nos desenhos de Walt Disney, por exemplo. Eles realmente são objetos inanimados que, de certo modo o por algum motivo, ganharam vida.

Além de vida, esses bonecos possuem alma. A cena que logo me despertou a atenção foi justamente que a mostra o primeiro contato entre dois bonecos. A reação não poderia ser mais humana: Um ataque físico, sob o domínio do medo. A primeira atitude social não foi uma tentativa de diálogo, nem tampouco uma apresentação, mas uma porrada.

O filme nos prende pela curiosidade. Quem são esses bonecos, o que houve com as pessoas? E assim a trama vai seguindo, revelando um pouco de cada vez. Mais que revelar as razões da história, a cada minuto nos são reveladas as razões humanas. Por que agimos de determinadas maneiras diante de determinadas situações?

Diálogo entre dois bonecos:

- Quem é esta besta que quer nos destruir, e por que ela quer nos matar?
- Perguntas sem sentido como essas não adiantam de nada.


O que é mais importante, se livrar de uma situação ou compreender uma situação? fugir ou enfrentar? Aceitar ou questionar? É sobre esse tipo de conflito que o filme se desenvolve, de uma forma que nos deixa sempre questionando o que vemos na tela. É um filme que apoiado em cima de perguntas. E dessa forma nos leva muito bem.

A única parte do filme que não me agradou foi o final, fácil demais. Poderia ser melhor explorado. Mas, mesmo não sendo à altura do filme, não compromete a história, apenas a deixa sem aquela sensação de “oohh” que todo filme foda deve causar.

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