O que você faria? Esse é o título do filme no Brasil, que mantém firme a tradição de não ser fiel aos títulos originais.
Para mim, El Metodo é um breve e excelente ensaio sobre Ética.
Totalmente construído em cima de diálogos e situações mais ou menos sutis, a trama nos mostra o que somos capazes de fazer em determinadas situações de confronto.
O filme conta a história de sete candidatos que disputam a mesma vaga de trabalho em uma grande empresa. Eles foram convocados para a última etapa, que decidirá quem será o escolhido. Essa última etapa é uma dinâmica de grupo, tão comum nos processos seletivos do mundo corporativo, porém com algo diferente: São os próprios candidatos que devem indicar, um a um, quem será eliminado da disputa. Esse é o tal Método Grönholm empregado para a seleção que, ao que tudo indica, cumpre o que promete – expõe as pessoas como elas são.
A partir dessa premissa, diversas tarefas lúdicas são apresentadas ao grupo que começa a desenvolver diversas situações competitivas, nas quais as características de cada participante vão gradativamente se revelando.
É incrível ver o comportamento dos candidatos que, de um grupo civilizado e amigável, passam a se comportar como verdadeiros filhos-da-puta, pisando nos pescoços uns dos outros na esperança de ficarem com o emprego. É uma crítica perspicaz sobre a cultura corporativa que, de certo modo, acaba influenciando toda a sociedade.
Quem não se sentirá familiarizado com algumas das situações exibidas no filme?
A cada nova tarefa, percebemos os candidatos se afastarem das regras de uma “disputa justa” sem, por outro lado, abandonarem suas máscaras diante dos outros e da empresa que os avalia.
Na verdade, o filme passa a impressão de querer mostrar que a ética - o verdadeiro respeito entre as pessoas - está morto e enterrado. O que existe são os bons modos, as gentilezas dissimuladas e o cinismo. Quando pressionadas, as pessoas simplesmente atropelam o próximo, de uma forma que beira os requintes da crueldade. O mais interessante é que isso não apenas é tolerado, mas verdadeiramente incentivado pela empresa, no filme (E no mundo real, como é mesmo?).
Atuação em destaque
Por ser um filme praticamente sem ação, encerrado em uma mesa de reuniões e com poucas cenas em locações diferentes, como os banheiros ou a janela, e também por conter tantos diálogos sutís e importantes para a história, a atuação tem uma importância fundamental nesse filme.
Felizmente, todos os atores se saem maravilhosamente bem. Extremamente convincentes em seus papéis, constantemente me sentí como um expectador presenciando fatos reais. Destaque para Eduard Fernández, cujo personagem Fernando me pareceu ser o único do grupo que não fingia.
…
El Metodo nos instiga a refletir sobre os valores adotados pelo neocapitalismo. Devemos ser fiéis às empresas, devemos à elas – que nos dão o sustento (em troca de nossas vidas) – mais que lealdade. Devemos submissão. Para provarmos nossa utilidade devemos nos despir de nossa humanidade e de todas as fraquezas ela abriga. Números, resultados e retorno financeiro valem mais do que pessoas. Quanto mais fidaputa você é, mais chance tem de ser dar bem no mundo.
Fiquei com muita vontade de ver esse filme, que me lembrou dois filmes que eu adoro: "12 Homens e Uma Sentença" e "Dogville". O primeiro, pelo tipo de filme mesmo, pela ausência de cenas de ação e pouquíssimas locações; o segundo, além disso, também pela forma como as pessoas se "despem" e deixam clara a hipocrisia com a qual convivem normalmente por causa de uma situação nova, de conflito, e que exige que elas eliminem quem oferece perigo.
ResponderExcluirDá pra vc ver "Dogville" de novo?? Eu não admito que vc não goste dele! hehehe..
Ah, quanto ao resto..vc não deixa de estar certo, mas é claro que tem aquele seu toque pessimista..senão, não seria vc, né? rs
Um beijo, Aline.
Cara fiquei pensando sobre o fim do filme.
ResponderExcluirE acabei concordando com ele, no fim a única pessoa que não foi filha da puta, no real sentido, foi a que foi contratada, mostrando no último minuto que pode sim ser fdp. Moral de filmes quem com ferro fere...
abs,
Johil