NEIN, NEIN, NEIN, NEIN, NEIN, NEIN!
Em Bastardos inglórios podemos apreciar Quentin Tarantino em sua forma mais apurada. E por falar em forma, nesse filme a forma supera o conteúdo. Quero dizer com isso que a história e o argumento em si não tem nada de extraordinário, mas a forma como a história é contada nos deixa apreensivos e presos ao filme durante todo o tempo, os diálogos estão tão bons quanto em pulp fiction ou reservoir dogs.
Temos bem definidas, e em sua melhor expressão, todas as características que identificam o autor: As referências ao bang-bang, com seus planos abertos e trilha sonora peculiar, a divisão em capítulos, os diálogos demorados e geniais, os personagens cruéis e muita violência.
Uma outra característica que eu aprecio em Tarantino é que em suas histórias está sempre presente o caso fortuito, a infeliz coincidência, o pequeno erro que tem o potencial de mudar completamente o rumo predefinido, e de fato muda. E nessas aplicações da dei de Murphy a arte imita a vida que, não importa o quão pensada e planejada, sempre termina nas mãos do imprevisível acaso.
Hitler, aquela titia estressada
A minha cena predileta do filme é quando Hitler aparece pela primeira vez, vestindo uma capa longa vermelha por cima da farda, com a mãozinha na cintura, tendo uma crise histérica, também conhecida como chilique. Estava possessa, a menina. Existem alguns historiadores que questionam a sexualidade do führer, e essa cena explorou bem essa faceta controversa do vilão da II guerra.
Roteiro
Existem algumas situações no roteiro que considero falhas, que durante a exibição não damos muita importância, mas depois, ao remoer o filme, questionamos. Como bem disse um amigo meu, nas chamadas perguntas de geladeira.
Pergunta de geladeira é aquela pergunta que surge involuntariamente quando estamos em casa, umas quatro horas depois do filme. Nosso subconsciente fica recapitulando o filme, digerindo as cenas, e então manda uma mensagem para nosso consciente, geralmente quando estamos na cozinha, na frente da geladeira escolhendo algo para comer ou beber.
Totalmente absurdo, por exemplo, que todo o alto comando da Alemanha se reunisse em um cinema na França, principalmente com os aliados já desembarcados na Normandia. Isso é uma falha de roteiro, na minha opinião.
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Bastardos Inglórios é um dos melhores filmes que vi no cinema nos últimos anos. Em uma avalanche de filmes que não acrescentam nada, é gratificante ver um filme de autor com tanto destaque. Trata-se de um bom gole de água gelada em meio a uma causticante jornada no deserto árido dos filmes secos da atualidade. Recomendadíssimo.
E ainda tem o Brad Pitt.
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