14 de março de 2013

O trabalho dignifica o homem?

Joseph Goebbels foi ministro da propaganda durante o governo de Hitler. Era ele o maior responsável por disseminar a ideologia nazista entre a população alemã, por meio de suas campanhas contra os judeus. É atribuída a Goebbels a frase "Repeat a lie a thousand times and it becomes the truth", traduzida como "Uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade".

Infelizmente, é assim mesmo que a coisa funciona quando se trata de manipular a opinião pública e de embutir valores morais que favoreçam os interesses dominantes. A história mostra inúmeras vezes idéias e valores sendo criados, repetidos e fortalecidos no meio da sociedade, mesmo quando falsos, simplesmente porque incentivam determinado pensamento e, conseqüentemente, determinado comportamento desejado por quem detém o poder.

Foto por Julio Covello. Set/88

O trabalho dignifica o homem
, repetem todos, mil vezes se necessário. Afinal, se meu destino é morrer de trabalhar - muito provavelmente para enriquecer outra pessoa e não eu mesmo - que haja pelo menos um consolo moral. Por esse prisma observamos o condicionamento que esse valor, o da "dignidade do trabalho", opera naqueles que não têm alternativa além de oferecer o seu trabalho sob as regras da mais-valia.
Tal é a finalidade de todo o condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino a que não podem escapar."
(trecho do livro Admirável Mundo Novo)
Não, o trabalho não dignifica, não enobrece, não engradece. O trabalho não é um fim em si mesmo, é apenas o meio que dispomos para transformar idéias em realidade. Se enxergamos algum valor no trabalho é devido à expectativa de uma realização, ou alguém poderia considerar engrandecedor o trabalho incessante, porém infrutífero, realizado por Sísifo, na mitologia grega, condenado a rolar eternamente uma pedra até o topo de uma montanha, só para ver, impotente, ela rolar novamente até a base da montanha?