26 de junho de 2010

Fiquem com Deus

Sábado, 26 de Junho de 2010. Enquanto escrevo essas maltraçadas linhas no meu notebook, em cima da cama no meu humilde lar em Taguatinga, ocorre na Praça em frente um culto em homenagem à Maria, que se resume em várias velhas lunáticas gritando e um homem falando muito alto no microfone, com o intuito de atingir pelo volume aqueles que não estão interessados nas merdas que a religião prega.

Fulana de Tal, rogai por nós, Fulana de Tal, rogai por nós, Fulana de Tal, rogai por nós. Esse é o mantra dos Aqui-tem-um-bando-de-loucos-por-ti-Maria. Maria, Jesus, Deus, Gadu, Shiva, Alah. Todas essas divindades criadas pelo homem servem apenas a um intuito: Nos fazer trazer uma esmagadora sensação de culpa

Pare e pense. Qual é a mensagem principal da religião? Que você é um merda. Você é um pecador miserável, um bosta, e por sua causa um cara morreu, antes mesmo de você nascer. Viu como você é ruim? A Religião só serve pra isso, nos deixar com um irremediável complexo de culpa.E disse Jesus: Chupa que é de uva.

A religião é responsável por todas as maiores merdas que já ocorreram na história da humanidade. Cruzadas, Inquisição, Guerras, Terrorismo, Massacres e muito, muito ódio no coração das ovelhinhas.

Enquanto as pessoas na praça estão cantando suas canções que dizem o quanto são ruins, malvados e necessitados da ajuda de um cara que ninguém nunca viu, eu me lembro de uma outra canção, de John Lennon: Imagine que não exista nenhum paraíso, é fácil se você tentar, Nenhum inferno abaixo de nós, Sobre nós só céu. Imagine todas as pessoas Vivendo para hoje.

Fiquem com Deus.

22 de junho de 2010

Unthinkable (2010)

Existem filmes que contam bem histórias ruins, existem filmes que contam mal boas histórias, existem filmes que contam bem boas histórias e, ainda, existem aqueles filmes que vão além, em vez de contar meras histórias, passam mensagens e nos fazem pensar. Unthinkable é um desses filmes. Em vez de nos prender pela curiosidade ou emoção, o filme nos prende pela consciência.

Não é um filme fácil de assistir, e estou certo de que a grande maioria não vai apreciar, por causa de toda a sua violência. É um filme que incomoda, embora o que incomode não sejam as sessões de tortura e sim o dilema vivido pelos personagens, em especial a Agente do FBI vivida por Carrie-Anne Moss - a eterna Trinity de Matrix - dilema que ultrapassa a tela e vem bater direto na nossa cara.

Unthinkable mostra o estado de alerta que acomete os Estados Unidos desde o incidente de onze de setembro. Mostra toda a fragilidade do país apesar dos inúmeros esforços para se manter livre de novas ameaças estrangeiras. Mas o filme não para por aí, e mostra que depois de tanta guerra, tanta ideologia, não existe mais certo ou errado, mocinhos ou bandidos, aliados ou terroristas. Todos são culpados e todos estão errados. Tudo é justificável mas nada se justifica.

 

Terrorismo e Tortura

O filme mostra duas das piores manifestações da covardia do ser humano, a tortura e o terrorismo. Atos cruéis praticados contra pessoas indefesas. E ao mesmo tempo, uma questão é levantada: Há justificativa para tais atitudes? Existem situações onde tais atos são a coisa certa a se fazer? Confesso que eu não me apresso em dar uma resposta a essas questões. O ideal seria que essas questões não existissem, mas o homem é capaz de coisas terríveis.

Não deve haver sofrimento maior do que ficar preso, indefeso, nas mãos de um torturador e sofrer as piores aflições físicas que a mente humana consegue imaginar. Definitivamente a tortura não deveria existir. Mas, e se o torturado for um terrorista? Nesse caso pode? Imagine que um maluco escondeu uma bomba em algum lugar e, se explodir, matará milhares de pessoas. Seria válido torturar esse excomungado para forçá-lo a revelar o paradeiro da bomba? E se mesmo sob tortura ele se negasse a falar, qual a solução? Há algo ainda pior e mais efetivo? Deve haver, mas é algo impensável (Unthinkable, captou?).

O que há de bom

É um filme ousado, que trata de temas delicados e atuais. A produção é competente, embora não seja nada excepcional. Samuel L. Jackson está muito bem em seu papel. O filme tem a capacidade de prender a nossa atenção e nos deixar angustiados, o que é melhor que permanecer indiferente. Além disso, o final conta com uma pequena surpresa que dá um último gás, um sprint, e encerra a história de forma competente.

O que há de ruim

Para quem não estiver preparado, o filme pode ser visto como imoral, excessivamente violento e subversivo. Além disso, o filme é excessivamente americanizado e não abrange de forma consistente os dois lados em conflito, o que poderia causar um dilema ainda maior para o expectador - considerando que a intenção do filme seja nos fazer refletir.

6 de junho de 2010

Robin Hood (2010)

A lenda de Robin Hood é bastante conhecida e já serviu para dar fôlego a inúmeros personagens dos mais diversos livros e filmes. Trata-se do fora-da-lei que rouba dos ricos para dar aos pobres. A história do herói se passa na Inglaterra do século XIII que se encontra órfã do ei Ricardo coração de Leão, um cara muito doido que abandona o país para se meter lá na Palestina e Jerusalém a fim de converter (entenda-se matar e saquear) os muçulmanos infiéis.

Com a ausência do rei, seu irmão mais novo usurpa o trono e começa a aprontar as mais loucas picardias, como aumentar os impostos e maltratar a população, queimando vilas e destruindo castelos e propriedades de quem não paga direitinho. Nesse cenário se levanta Robin de Loxley aka Robin Hood (apelido dado por causa do chapeuzinho com uma pena que o rapaz usava) que, juntamente com seus comparsas, passa a saquear as carruagens reais que ousam atravessar a floresta de Sherwood. Robin Hood é famoso por sua extrema habilidade com o arco-e-flecha, algo semelhante a Légolas de Senhor dos Anéis.

Robin Hood Begins

O que há de diferente e interessante nesse novo filme - mais uma dobradinha Ridley Scott/Russel Crowe, a dupla famosa de O Gladiador -  é que a trama conta a história de Robin antes de virar Robin Hood. O filme conta como tudo aconteceu. Portanto, não é a mesma história do Robin hood encenado por Kevin Costner, por exemplo.

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Além disso, o roteirista teve a liberdade de alterar alguns fatos da lenda original. A principal alteração diz respeito ao próprio Robin, que no filme não é Robin de Loxley o nobre cavaleiro, mas sim Robin Longstride, outra pessoa. Achei interessante a história criada para transformar Robin Longstride em Robin de Loxley, assumindo sua identidade. Isso serviu para conferir mais profundidade ao personagem.

O que há de ruim

O principal defeito do filme certamente é a sua duração. São duas horas e meia de projeção, que testam a paciência de qualquer cristão (ou mulçumano). Não tenho dúvida de que há diversas cenas desnecessárias ou demasiadamente compridas, que poderiam ser encurtadas e até mesmo eliminadas, para favorecer a fluência da história. Por causa disso, o filme se torna um pouco cansativo e monótono, o que faz diminuir seu impacto sobre o expectador.

O que há de bom

Além da boa idéia de ser um filme que pretende contar a gênese de Robin Hood, a produção é muito bem feita, com atuações interessantes dos protagonistas Crowe e Kate Blanchet, que faz o papel de Maid Marion, no caso viúva em vez de maid. Contudo, os personagens coadjuvantes são quase todos rasos e caricatos, como João Pequeno e o próprio rei João, que mais parece um idiota. Contudo o Frei gordinho do hidromel e o Sir Walter de Loxley estão muito bons e suportam satisfatoriamente o enredo.

No frigir dos ovos

É um filme que até vale a pena ver, embora não esteja à altura da filmografia de Ridley Scott, que fez o totalmente excelente Rede de Mentiras em 2008, e do próprio Russel Crowe, o eterno gladiador. Cumpre bem o papel de contar uma história, nada mais.

5 de junho de 2010

Solomon Kane (2010)

Eu não esperaria muito de um filme cujo personagem principal foi descaradamente copiado de Van Helsing, que já é péssimo, mas Solomon Kane surpreende. É realmente uma porcaria. O filme consegue ser medíocre nos três requisitos: Roteiro, direção e atuação.

O argumento do filme é aquele bla bla bla que já vimos milhares de vezes no cinema, a famosa jornada do herói que, em si, não tem nada de ruim é bem explorada em diversos filmes, de Matrix a  Coração Valente. Só que uma história tão batida quanto a do cara que não é nada e derrepente descobre que é a salvação do mundo precisa ter sempre alguma coisa nova a mostrar, e Solomon Kane não tem. Durante toda a trama somos obrigados a acompanhar o Almir Sater Solomon lutando contra umas espécies de zumbis, que são uma mistura dos guerreiros de Mordor com os vampiros de Eu sou a Lenda.

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Não dá pra se sentir cúmplice do protagonista em nenhum momento, mesmo porque a história não segue um ritmo cadenciado, ao contrário, as situações ocorrem de uma maneira nada natural e extremamente artificial. Tudo muito fácil, tudo muito superficial, tudo muito raso.

Solomon quem?

As atuações são todas um desastre. Não tem uma que salva. Mas o pior de todos é sem duvida o James Purefoy, que faz o Salomão. O cara chega a ser ridículo, de tão ruim. Não sei de onde tiraram esse ator, mas ele está à altura da produção.

O que há de bom

O monstro da última cena, embora ninguém saiba de onde veio nem porque estava lá lutando com Salomão, é muito bem feito, apesar de lembrar muito o orc debilóide do Senhor dos Anéis. Vale pela qualidade da computação gráfica.

O que há de ruim

Tudo. então, para ser justo, vou dizer o que há de muito ruim. Trata-se da cena na igreja que tem um padre maluco que cuida de um bando de zumbis no porão da igreja. É ridículo. Tosco. Mal concebido, mal produzido, mal dirigido, mal atuado. É uma piada de mau gosto

Bem, em poucas palavras, não perca seu tempo com isso, a menos que não faça nenhuma questão de coerência ou um pouquinho que seja de coesão. Se uma sucessão de cenas com lutas clichê e efeitos visuais commodities te satisfazem, be my guest.