11 de novembro de 2009

Mais um pouco de Geyse

Virou uma minissérie esse caso da Geyse da Uniban.

Quando tudo estava caminhando para o esquecimento, a Faculdade faz uma declaração pública desastrosa que exalta os ânimos de todos e serve de combustível para blogueiros e panfleteiros. No outro dia volta atrás e gera mais uma marola. E assim o caso se desdobra em posts em série - inclusive aqui.

Algo que chamou a atenção nesse episódio foi a forma como relataram o ocorrido e a pretensa gravidade que que a atitude daqueles viadinhos dos alunos alcançou. Talebã, Apedrejamento, Estupro e Crucificação foram palavras recorrentes nos textos que brotaram por aí, o que demonstra como um fato, apenas por ter repercussão, tende a ser majorado. É aquela história de que quem conta um conto aumenta um ponto. É essa a característica do Texto de Opinião: Ultrapassa os fatos e ganha uma forte carga moral.


Eu acho que Estupro é uma palavra forte, mesmo sob a qualidade de "Estupro Moral", e não acho que seja o caso de sua utilização. Não quero, de forma alguma, atenuar a gravidade do ocorrido e, por outro lado, não quero permitir que o ocorrido seja equiparado, em gravidade, a um estupro de verdade. Por mais reprovável que tenha sido a atuação coletiva em defesa do ambiente escolar, felizmente a mesma não ultrapassou os limites das injúrias, o que é bem diferente e menos grave, quase sempre, que uma violação corporal.

Após tomar conhecimento do Caso Uniban, ver os vídeos no Youtube e ler diversos textos, estive perambulado pelas internetes atrás de noticias e estudos sobre misoginia e manifestações coletivas de agressão à mulher, e encontrei algo deprimente: O caso da menina iraquiana de 17 anos que foi espancada e apedrejada até a morte por namorar com um garoto de um grupo religioso rival. A cena, que durou aproximadamente vinte minutos, foi toda gravada por populares com seus celulares.


Aí sim chegamos ao limite da barbárie e da bestialidade do ódio contra a mulher. Por mais que palavras agridam a moral e a honra, chutes e pedradas agridem muito mais. O que quero dizer com isso, são duas coisas:

Primeiro, que foi bastante útil o ocorrido para alertar sobre duas importantes lacunas sociais: O ódio e preconceito contra a mulher, que avança século XXI adentro e não é restrito às camadas marginalizadas, e a farsa que é o ensino superior privado no Brasil (vide o blog do Nassif).

Segundo, que com a repercussão o caso foi elevado à uma importância maior do que realmente tem. Estupro, Apedrejamento e Crucificação foram palavras comuns nos textos que opinaram sobre o ocorrido. Foi utilizado um sensacionalismo considerável em relação à gravidade do fato. Foi Grave? Claro que foi. Mas não foi tão grave quanto estupros, apedrejamentos e crucificações reais.

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