30 de outubro de 2009

Confissão de um indiferente arrependido

Qual a diferença entre ignorância e apatia?
Não sei e não quero saber.

Como expressar o sentimento, quando tudo o que se sente é um vazio? Quando se olha o mundo e tudo que vem à mente é um silêncio, que só não é absoluto devido ao assobio constante e quase inaudível, cuja única função é tornar tudo ainda mais cinzento? Como um anti-mantra que insiste em ecoar na nossa cabeça, para que nem mesmo paz possamos ter.


À medida que os dias passam e tudo se repete da mesma forma, é como se a cada repetição tudo perdesse um pouco de cor, um pouco de vida. 

Dia após dia os acontecimentos vão perdendo a importância. Depois de algum tempo, o que mais pensamos é "tanto faz" . Já passamos por tudo tantas vezes, já repetimos tanto a mesma cena, que não fazemos mais questão.

Com os olhos, percorro o cenário desgastado à procura de algo novo, alguma cor no meio de tanto cinza, mas é sempre em vão. Já faz tanto tempo desde a última vez que vi uma cor, que se visse hoje algo colorido, acho que não reconheceria. Talvez seja melhor fazer que nem aquelas pessoas que mentem para si mesmas, ou induzem a si mesmas, e repetem constantemente que tudo é colorido e cheio de vida. Essa repetição talvez abafe o assobio e, com o tempo, se tiver sorte, até acredite que realmente tudo tem cor e vida.

Há um tempo certo para tudo na vida, tudo a seu tempo. Mas eu quero tudo ao mesmo tempo, quero tudo agora. Não quero esperar. Quero tudo a um clique de distância. Não importa se é a espera que dá valor às conquistas, não importa se a conquista sem esforço e sem espera não tem valor. Eu quero tudo assim, pasteurizado. Tudo igual, tudo cinza. Eu quero que tudo acabe.

Se tudo acabar, existe a chance de tudo renascer de um jeito diferente. O que está aí não serve mais.

Uma vez eu li que não vemos o mundo como ele é, mas como somos. Será que sou cinzento e sem vida? Se for assim, eu que tenho que morrer e renascer diferente. Será essa a diferença entre mim e o suicida? Eu quero renascer, o suicida quer apenas morrer. A única questão agora é saber como renascer.

Renascer é recomeçar. recomeçar é esquecer tudo o que vivemos e sabemos, e aprender novamente. Mas se esquecer tudo, como evitar de percorrer o mesmo caminho que me trouxe aqui, nessa versão cinzenta do mundo? É somente isso que eu preciso lembrar, de me afastar do cinza. Sempre que algo começar a parecer cinzento, tenho que mudar a direção. É isso. Vou ressurgir do cinza e das cinzas.

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