8 de outubro de 2009

Sideways (Entre umas e outras) 2008

Há mais filosofia em uma garrafa de vinho que em todos os livros.
- Pasteur

2 Sabe aqueles filmes que vc assiste com um sorriso nos lábios, se sentindo cúmplice de tudo o que acontece na tela? Sideways é assim. Antes de qualquer outro sentimento, esse filme me despertou extrema simpatia. A sua linguagem é tão simples e, ao mesmo tempo, tão profunda que eu me abrí para o filme e pude desfrutar da sua ótima história.

Trata-se de de dois amigos que partem em uma curta viagem de despedida de solteiro. O que vai se casar, Jack, é um bon vivant despreocupado que quer apenas aproveitar um pouco antes de ser encarceirado definitivamente na masmorra do matrimônio, e o outro – Miles, o que prepara a viagem de uma semana – é um escritor que sofre por ainda não ter conseguido publicar nenhum livro. Mais que isso, ele sofre por ver que chegou na idade em que deveria contemplar alguma conquista e só enxerga tentativas fracassadas, incluindo um casamento desfeito.

O roteiro escolhido para a viagem é a região vinícola da califórnia, já que Miles é um enólogo enófilo de primeira linha. Enquanto Jack quer, pelo menos à primeira vista, uma simples despedida de solteiro (no sentido mais comum da expressão), Miles idealizou uma verdadeira incursão pelo maravilhoso mundo do vinho.

Quem bebe água tem um péssimo carater

E é aí que o filme se torna especial. O que poderia ser uma simples ambientação, é exibido de forma tão cativante que ganha vida, e se torna tão importante para a história quanto a trama principal. Toda essa cultura que existe em torno do vinho: As vinícolas, o diversos tipos de uvas e vinhos, a forma de se envelhecer, armazenar e apreciar é repassado com tanta maestria que chega a empolgar.

Apesar de tomar uma proporção fora do comum, essa história paralela não compete com a trama principal. Ao contrário, a cada cena que aprendemos um pouco sobre vinhos, parece que bebemos com MIles e Jack e nos apegamos mais ao drama deles.

Enólogo é o sujeito que perante o vinho, toma decisões e enófilo é o sujeito que perante as decisões, toma vinho.

E drama não falta. Não é nada pesado que chega a deprimir, mesmo porque não é essa a intenção, mas é algo que nos faz refletir. Refletir nas escolhas que fazemos e como elas se tornam parte do que somos. Refletir sobre que valor terá para a posteridade a obra que fazemos em vida. Refletir sobre amizade.

Me admira ver como tantos temas foram abordados de forma tão precisa e nas medidas ideais para fazerem desse um grande filme. Tem muito mais aspectos do filme que eu gostaria de comentar, como o excelente roteiro e direção, as boas atuações, a boa fotografia e a trilha sonora à altura, mas vou terminar agora, dizendo apenas que gostei muito e recomendo.

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