28 de outubro de 2009

Eu quero é Poder

Conhece aquela história da fábrica de sapatos que queria expandir sua atuação para outros países, e mandou dois representantes para a Índia, afim de avaliarem se lá seria um bom mercado? Os dois foram e, logo na primeira semana, enviaram seus relatórios. O primeiro concluiu que não seria possível a empresa se estabelecer naquele país pois, pelo que havia observado, ninguém lá usava sapatos. O relatório do segundo dizia que quanto antes abrissem uma fábrica lá, melhor seria, pois ninguém lá usava sapatos.


Deixando de lado a moral marketeira-motivacional-corporativa do exemplo, ele serve bem para expressar uma prática comum  que as instituições mais básicas na sociedade utilizam para se manterem vivas e dominantes. As instituições a que me refiro são o Estado, a Indústria e a Igreja. Essas três instituições são responsáveis pela organização, produção e moral sociais. Para existirem e se manterem e, além disso, para permanecerem dominantes, elas precisam que todos creiam que elas realmente são indispensáveis. Mas como?

Criando dificuldades

A vida é simples. Ou deveria ser, pelo menos. Nós é que somos complicados e complicamos tudo o que tocamos. Criamos um sistema social complexo ao longo dos milênios, partindo da época das cavernas até hoje, sempre acrescentamos um pouquinho de complicação em cada etapa. O resultado é esse emaranhado social totalmente confuso, muitas vezes contraditório e cada vez mais afastado das nossas necessidades básicas.

Mas como um sistema confuso, contraditório e insatisfatório consegue se manter e se fortalecer cada vez mais? Eu respondo: Fazendo as pessoas acreditarem que ele é necessário. Afinal, se algo é ruim mas precisamos dele, paciência. Fazer o quê? É um mal necessário. Dessa forma,
Cria-se a dificuldade para vender facilidade. Essa é a receita mágica utilizada pelo Estado, Indústria e Igreja não apenas para existirem, mas para dominarem a sociedade. E o que ganham com isso? Poder, meu amigo, poder.

O Estado

Sinceramente, se fosse para o Estado funcionar, ele funcionaria. Aliás, ele funciona. Apenas não funciona como imaginamos que deveria funcionar. Nós aprendemos que o Estado existe para nós. Mas para o Estado, nós existimos para ele. Sua função não é nos servir, mas existir para si próprio, se manter e se fortalecer. E quem ganha com isso? Eles, meu amigo, eles. Eles quem? Eles, você sabe. Os marcianos? Não porra, os dominantes, a classe dominante. O mundo é uma grande conspiração. Existem os dominantes e os dominados. Tudo o que é feito no mundo, é feito para manter os dominantes no domínio. Como eu disse, poder.

O estado é uma profilaxia. Criado supostamente para manter sob controle as mazelas humanas. Violência, doenças, fome, essas coisas. O Estado deveria ser uma forma colaborativa de combater tudo aquilo que aflige a sociedade. Portanto, o Estado somente existe enquanto existirem essas aflições. Sendo assim, qual o interesse do Estado em erradicar o mal, se isso implicaria sua extinção?

É claro que, mesmo que quisesse, não seria possível erradicar os males que afligem a sociedade. Violência, fome e doenças sempre vão existir. O Estado sempre será necessário. Contudo, não basta ao estado ser necessário, Ele quer dominar e se impor para, dessa forma, seus controladores dominarem e imporem suas vontades sobre a sociedade.

Então, é interesse do Estado manter os males sociais sempre em patamares elevados, quase insuportáveis, pois quanto maiores os males, maior a importância do Estado. Em última análise, a civilidade afasta o Estado. Quanto mais educados, tolerantes e conscientes forem as pessoas, menos elas precisam de um Estado para as proteger. Veja o caso da violência, por exemplo. Imagine um grupo de crianças brincando de polícia e ladrão. Umas fazem o papel de ladrão e outras de policia. Os ladrõezinhos saem correndo e se escondem. Os policiaizinhos correm à sua procura. O que acontece quando os policiais pegam todos os ladrões? A brincadeira acaba

Exatamente o mesmo acontece com a violência e o crime de verdade. Pense na quantidade de pessoas e dinheiro que envolve toda a atividade policial do Estado. Pense em como essa engrenagem é importante para a máquina, na geração de poder. Pensou? Então imagine se a criminalidade e a violência despencarem em noventa e cinco por cento, por exemplo. O que aconteceria nesse caso? Se isso ocorresse, seria necessária a redução do quadro policial para adequação à nova realidade. Consequentemente, resultaria em menos poder para o Estado. E quem gosta de perder poder?

O mesmo se aplica a todas as outras situações. Crime e violência, doenças, educação, fome, etc. Se o Estado reduzisse esses problemas pela metade, seu poder seria reduzido na mesma proporção. Portanto, é interesse do Estado manter todos esses males bem vivos e, mais que isso, incentivar o surgimento de mais e mais problemas e dificuldades para, assim, poderem vender a sua facilidade.

Comparando com a anedota do inicio desse post, é como se o Estado espalhasse cacos de vidro pelas ruas, para que as pessoas se vissem forçadas a usarem sapatos. O Estado cria pobreza, violência, doenças e ignorância para vender saúde, educação, segurança, ordem e progresso.

No próximo post:
Como a Indústria e a igreja utilizam a mesma estratégia.

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